“O grande potencial da utilização da arte como recurso terapêutico está não só no fazer artístico, que por si só possibilita ao indivíduo o desengessar da própria criatividade, trazendo um senso de conexão e bem-estar, mas principalmente pela possibilidade de acessar símbolos ricos de significados que nos levem a um reconhecimento e elaboração de conteúdos afetivos, para que a consciência seja ampliada.”
“Os símbolos são um produto espontâneo da psique arquetípica. Não é possível fabricar um símbolo; só é possível descobri-lo. Os símbolos são portadores de energia psíquica. Eis por que convém considerá-los vivos. Eles transmitem ao ego, consciente ou inconscientemente, a energia vital que apoia, orienta e motiva o indivíduo. A psique arquetípica mantém uma incessante atividade de criação de uma corrente estável de imagens simbólicas vivas. Normalmente, essa corrente não é percebida pela consciência, a não ser por meio de sonhos ou das fantasias – que surgem quando a pessoa, acordada, tem reduzido seu nível de atenção consciente. Entretanto, há razões para crer que, mesmo num estado plenamente desperto, essa corrente de símbolos, carregada de energia efetiva, continue a fluir sem que o ego se aperceba. Os símbolos penetram no ego, levando-o a identificar-se com eles e a trabalhar com eles inconscientemente; ou passam para o ambiente externo, por meio das projeções, levando o indivíduo a ficar fascinado e envolvido com objetos e atividades externos.” (EDINGER, F. Edward)
Os recursos expressivos, utilizados na Arteterapia, possibilitam que nossas imagens internas sejam materializadas para que o inconsciente dialogue com a consciência. O grande potencial da utilização da arte como recurso terapêutico está não só no fazer artístico, que por si só possibilita ao indivíduo o desengessar da própria criatividade, trazendo um senso de conexão e bem-estar, mas principalmente pela possibilidade de acessar símbolos ricos de significados que nos levem a um reconhecimento e elaboração de conteúdos afetivos, para que a consciência seja ampliada.
A via não verbal. Muitas vezes nossos discursos são tecidos a partir da resistência do ego em entrar em contato com o que considera doloroso ou repulsivo, por isso, em terapia, há de se ouvir o não dito, as entrelinhas da narrativa. E na produção artística, toda a gama de significados que o autor atribui a sua obra. O símbolo jamais encerra um sentido fechado em si mesmo, ele carrega um significado arquetípico, do inconsciente coletivo, e um sentido individual.
Tati Terres