A superação da crise da metanoia, acontece quando a pessoa consegue ressignificar sua persona, por meio de um desmascaramento das personagens habitualmente usadas nas relações interpessoais até então, e confrontar sua sombra, representante do inconsciente e de todas as dimensões negadas, reprimidas ou indiferenciadas, saudáveis ou patológicas existentes no âmago de todos nós.


 

De forma equivocada, muitos estudiosos de Jung acabam associando a metanoia apenas com a crise da meia idade. É obvio que, nesta etapa, por conta da chegada da segunda metade da vida e à proximidade da morte, ficamos muito mais suscetíveis a empreender mudanças de valores, ficando mais fácil abrir mão da materialidade e demandas territoriais, para que a dimensão da espiritualidade fique mais importante na vida.

A metanoia exige uma espécie de transgressão, por provocar muitas transformações tanto nos comportamentos quanto no pensamento e no caráter das pessoas, produzindo rompimentos de valores, relacionamentos e até de visão de mundo. Muitas vezes surge na forma de crise e queixas, fazendo com que os indivíduos repensem seu existir. Sendo que, na base dessa crise, está a experiência simbólica de morte e de renascimento.

A superação da crise da metanoia, acontece quando a pessoa consegue ressignificar sua persona, por meio de um desmascaramento das personagens habitualmente usadas nas relações interpessoais até então, e confrontar sua sombra, representante do inconsciente e de todas as dimensões negadas, reprimidas ou indiferenciadas, saudáveis ou patológicas existentes no âmago de todos nós.

Só assim que o ego, que atua como gestor da consciência e mediador da contínua tensão opositiva entre persona e sombra, poderá encontrar o entusiasmo em servir ao si mesmo e, consequentemente, ao outro. Por isso, a individuação é uma meta coletiva proposta por Carl Jung, que depende da função transcendente advinda da superação criativa da crise da metanoia, principalmente quando acontece após a segunda metade da vida.

A conclusão bem sucedida da análise junguiana nos devolve ao mundo como pessoas mais profundas e integradas, capazes de percorrer a estrada da individuação contando apenas com a contenção e orientação internas, conforme a necessidade, das profundezas da nossa própria psique.

 

Fonte: Contribuições teóricas do psicólogo junguiano, Waldemar Magaldi Filho – do Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa.  

 

 

 

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