Imagem: Bethany Cannon
“O símbolo anuncia um outro plano da consciência, que não é o da evidência racional; é a chave de um mistério, o único modo de se dizer aquilo que não pode ser apreendido de outra forma; ele jamais é explicado de modo definitivo e deve sempre ser decifrado de novo” (Henri Cobin)
Ao se deparar com múltiplas possibilidades da expressão criativa no ateliê terapêutico o cliente faz contato com uma dimensão de si mesmo que para muitos permanece desconhecida ou intocada.
Muitos não se reconhecem como criadores e capazes de desenvolver a (cria)tividade, criando e movimentando atividade interna capaz de impulsionar processos de transformação necessários em suas vidas.
O universo interno particular de cada sujeito é carregado de significado simbólico, é através dessa linguagem subjetiva que a Arteterapia pretende ajudar aos que a ela recorrem para expressarem aqueles conteúdos que necessitam dialogar com a consciência.
Para Henri Cobin, “O símbolo anuncia um outro plano da consciência, que não é o da evidência racional; é a chave de um mistério, o único modo de se dizer aquilo que não pode ser apreendido de outra forma; ele jamais é explicado de modo definitivo e deve sempre ser decifrado de novo”
Dessa forma, a Arteterapia se torna um elemento de conexão com o universo simbólico, que para muitos se manifesta através dos sonhos e tem a possibilidade de materialização através dos recursos disponibilizados no “setting terapêutico”, o que facilita certos insights sobre si mesmo e a própria história.
Jung reconhecia o potencial da expressão criativa como rico diálogo com o inconsciente, sendo por ele utilizado em consultório com muitos pacientes.
“Observei muitos pacientes cujos sonhos indicavam rico material produzido pela fantasia. Estes pacientes também me davam a impressão de estarem literalmente cheios de fantasias, mas incapazes de dizer em que consistia a pressão interior. Por isto, eu aproveitava uma imagem onírica ou uma associação do paciente para lhe dar como tarefa elaborar ou desenvolver estas imagens, deixando a fantasia trabalhar livremente. De conformidade com o gosto ou os dotes pessoais, cada um poderia fazê-lo de forma dramática, dialética, visual, acústica, ou em forma de dança, de pintura, de desenho ou de modelagem. O resultado desta técnica era toda uma série de produções artísticas complicadas cuja multiplicidade me deixou confuso durante anos, até que eu estivesse em condições de reconhecer que este método era a manifestação espontânea de um processo em si desconhecido, sustentado unicamente pela habilidade técnica do paciente, e ao qual, mais tarde, dei o nome de “processo de individuação”. JUNG, Carl Gustav. Natureza da psique. Petrópolis: Vozes, 2009.
Tati Terres
COMPARTILHE ESTE ARTIGO NO FACEBOOK: