Imagem: Dean Crouser
” Aquele que tem acesso à arte ou ao ‘fazer artístico’ está tendo a oportunidade de desenvolver ou de configurar habilidades, as quais são, por sua vez, reveladoras da estrutura intelectiva ou cognitiva de quem as realiza, assim como também de seus sentimentos e valores ideais. Pois uma imagem projetada no papel ou numa escultura, ou num movimento do corpo, reflete a maneira pessoal de cada um relacionar-se, posicionar-se, de estar no mundo.” (Maria Cristina Urrutigaray)
Ao observar uma expressão artística, seja ela uma pintura, escultura, poema, dança, música, algo toca a nossa alma e provoca uma espécie de encantamento, um tipo de sentimento transcendental, despertando nossas emoções e nossa sensibilidade.
Há um reconhecimento de uma verdade intrínseca à natureza humana, que é nossa expressão genuína. Pois, todo ser humano tem em si a capacidade de expressar-se, e nesta expressão colocar-se diante do mundo e de si mesmo com verdade e conexão divina.
O fato é que somos minados em nossa autenticidade. Quando acreditamos que para ser aceitos e amados pelos outros precisamos agir de certa forma, vestir certa tendência, aderir a comportamentos plastificados pela coletividade como aceitos e corretos. E no vestir as roupagens “aceitáveis” ou “sugeridas” pela massa, esquecemos de investigar o que realmente somos por trás de tantos papéis sociais.
A arte é reveladora do nosso mundo subjetivo, e é portanto, um excelente instrumento de autoconhecimento; e na busca por revelarmo-nos em formas, imagens, movimentos, e construções artísticas, descobrimos as narrativas que contam a nossa história no mundo inconsciente. Ao trazer à tona conteúdos que precisam ser olhados e ressignificados podemos recontar nossa história de uma perspectiva mais consciente e saudável.
Por consequência do processo de cura através da arte, somos instigados a expressar cada vez mais nossos potenciais, nossa expressão genuína e singular. Nos tornando mais verdadeiros e menos influenciáveis.
Eis porque a arte contribui com o processo de individuação descrito por Jung como o processo de desenvolvimento da consciência. Quando nos individualizamos não no sentido egoísta, mas no sentido de separatividade. Saímos da imersão de uma consciência coletiva para uma consciência individual.
O pensar próprio, a busca autêntica por respostas e o trilhar do próprio caminho, com todos os tropeços, medos e sombras que encontramos no trajeto, é ainda, um caminho de realização, onde caminhamos com sentido e portanto mais felizes.
Tati Terres
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