“O sapato que se ajusta a um homem aperta o outro; não há nada para a vida que funcione em todos os casos.” Carl Jung
O sapato é uma imagem arquetípica que surge em diferentes contos e muitas vezes em sonhos trazidos em terapia, ou como imagem simbólica no processo arteterapêutico.
Em cinderela, o sapato, que fora cobiçado pelas irmãs, só serviu na princesa à qual ele pertencia. No conto “os sapatinhos vermelhos”, uma menina pobre fizera seus próprios sapatos de retalhos de tecidos, quando foi adotada por uma velha rica, suas roupas e seus preciosos sapatos foram queimados. Ela encontra uns sapatinhos vermelhos muito parecidos com os seus sapatos originais, porém, são os falsos sapatos que a levam a sua ruína, pois a personagem é condenada a dançar eternamente sem conseguir cessar. Para dar fim ao seu martírio, ela pede a um carrasco que corte os seus pés.
O trágico fim nos traz uma metáfora sobre os aspectos da nossa individualidade que mutilamos para nos encaixar em algum padrão. Os falsos sapatos podem representar as escolhas que fazemos por apelo da sociedade ou de alguém. Ex.: escolha da profissão, casamento, filhos … Para a autora Clarissa Estés, “A verdade psicológica na história de sapatinhos vermelhos é a de que a vida expressiva da mulher pode ser sondada, ameaçada, roubada ou seduzida a não ser que ela se mantenha fiel à sua alegria básica e ao seu valor selvagem, ou que os resgate”.
Reconhecer os sapatos originais implica na construção da própria identidade, entrar em contato com as habilidades criativas que deixamos de lado, não nos deixar seduzir por falsos sapatos que não nos trarão felicidade. Os pés são a nossa base, o que nos sustenta e dá mobilidade e liberdade para seguir o próprio caminho.
QUE FALSOS SAPATOS VOCÊ TEM CALÇADO ULTIMAMENTE? QUE POSSIBILIDADES OS SAPATOS VERDADEIROS LHE OFERECEM?
Quando experimentamos um sentimento de insatisfação, inquietação ou vazio, mesmo quando a vida parece estar como “deveria ser”, pode ser um chamado para identificar os sapatos falsos, o início de uma jornada para construir os sapatos originais, ou reconhecê-los. A Arteterapia é uma ferramenta que nos auxilia no processo de autodesenvolvimento.
Tati Terres